quarta-feira, 20 de abril de 2011
Balanço
Plantei rugas de esperança em olhos que ainda não conheço. Trouxe a respiração para perto do meu retrato. Ainda não fui capaz de esvaziar os meus bolsos. Quantas pétalas é preciso para voar?
terça-feira, 1 de março de 2011
Palco
Atravesso as paredes mas não encontro desculpas. Minhas marcas lavam seus erros. O sabão escorre como meu passado. Aquele que não conheço.
Que toque a música. A maquiagem está pronta. O espetáculo vai começar.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Rio
Besta, o Tejo faz questão de aparecer na minha janela. Só para me lembrar que ele é só uma pincelada de azul em um dos cantos do País. Que não é o meu.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Utopia
Nascemos e confundimos tudo. Mexemos com tudo. Nosso umbigo fica intacto. É fácil saber quando se olha para ele todos os dias. Difícil ver os olhos. Trazem muitas conclusões. Parí-las dói muito. Há que se evitar pensar. Ou sentir. Tentar passar ileso. E ir embora. Com glórias. E um peito vazio. Alguns chamariam de heresia. Desperdício, talvez. Eu digo que é sabedoria. Daquelas que jogam no nariz da gente. E, mesmo assim, não se aprende.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Sem ação
Parado entre um ponto e outro. Rodeado por uma multidão. Aos pés de mãos santificadas. O verbo, carne do início do mundo. Cerne de uma sentença.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
O dom
Perdi. Pela janela vi que não caiu na casa do vizinho. Procurei entre os degraus da minha rua. Desempilhei os cacos da noite do Bairro. Virei o Adamastor de cabeça para baixo. Talvez na Ribeira. Ou no horizonte da minha varanda. Acho mesmo que se foi pelo Tejo. Levou mais do que um pedaço de mim. Deixou um espaço enorme. Que eu esqueci como preencher.
sábado, 26 de junho de 2010
Junina
Em Lisboa, a lua não tem vergonha de entrar pela janela, nua. Noiva dos arraiás de São João. Joga-se aos meus pés, dentro da minha sala. Safada. Pode vir. Eu é que não saio daqui. Tenho medo de mim.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Falta de sorte
O azar batia à sua janela. Nunca o deixou entrar. Mas sente-se muito sozinha, às vezes. E ele nunca desiste.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Um dia entre o céu e a terra
É o posto. E o convexo. Um trago. Cabeça inclinada. Nada. Tem sentido. Vivo. E não relaxo. Acho. Por onde ir.
Assinar:
Postagens (Atom)