quarta-feira, 27 de maio de 2009

Orgulho

Primeiro dei à luz. Então me deparei com você em outra casa. Feliz.
Fiquei também.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Alto-falante

Hoje vou falar de você. Talvez você ouça, o que pode não ser bom. Ou essa seja a única maneira que encontrei para ter coragem. Seus olhos longes de mim. Eu sem olhar para a sua boca. Porque ela me desconcerta, ô se. Não posso nem usar salto do seu lado. Tenho medo do tombo. Às vezes acho que você é um virus, plantado por terroristas no meu quintal. Uma arma química. Um bambu na minha vida de morcego. Mas agora minha voz pode chegar até você limpa. Com a interferência só das minhas ondas curtas. Espero que você não esteja dirigindo. Pode ser pretensão, mas não quero provocar um acidente. Quero você inteiro. Preciso. Eu já sou sua. E, hoje, você será meu.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Niterói

- E onde fica essa cidade?
- Ali do lado do Rio.
- De qual rio?
- Do Rio de Janeiro.
- E qual é o rio do Rio?
- Não, fica do lado do Rio de Janeiro.
- Ah. Mas lá tem rio?
- Haja paciência…
- Tem praia também?
- Claro que tem.
- E você nasceu lá?
- Nasci e cresci.
- E por que você veio pra cá?
- Porque eu quis.
- Você não gosta da sua cidade?
- Adoro.
- Não entendi.
- Só prefiro morar aqui.
- Sei.
- Não é que lá seja ruim, é muito bonito. Muita natureza.
- Se você tá falando.
- É sim, você tem que acreditar.
- Mas é estranho você ter saído de lá.
- Aconteceu. Só isso.
- Você jura?
- Não, né.
- Então não é verdade.
- Só não gosto de jurar por besteira.
- Se você acha que não vale a pena…
- Você quer me deixar culpado.
- Você é quem sabe.
- Eu vou ter que te levar lá pra provar?
- Deus me livre.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Posso ir?

Eu disse que queria verde, você disse que o azul era melhor. Pedi para ir a praia, mas você preferia ficar mais perto do céu. Nossa casa era grande para nós dois. Era você que gostava assim. Um dia eu sonhei em voar alto, mas só chegamos ao segundo andar. A luz estava sempre apagada. Você me olhava e era noite. Pela última vez, eu quis. Um filho e você tirou de mim. Você deve escrever o meu próximo passo. Não me importo mais.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Palavras íntimas

O jeito mais legal de aproximar literatura de prazer. Essa é uma das definições possíveis para a coleção que será lançada hoje pela Sto Pecado. Junte Analu AndriguetiSamir Mesquita e Flávia Prupest e você terá a melhor ideia do ano: uma linha de lingerie com microcontos e poemínimos. Coloque na salada o querido Eduardo Muylaert e você terá a oportunidade de ver fotos incríveis dessa coleção.

Dia 12 de junho já tá no rastro e esse presente é perfeito. Seja para quem veste, seja para quem quer ver vestida. Juro que não ganho nada por esse post. Mas hoje à noite, eu tô lá para garantir a minha. Detalhes, como sempre, aqui embaixo. É só clicar na imagem.

Origem

- Dói?
- Só quando você aperta.
- Você bateu em algum lugar.
- Eu me lembraria.
- Às vezes a gente não percebe.
- Eu me lembraria.
- Não, é sério, uma desfilada entre mesas e pimba. Depois esquece.
- Eu me lembraria.
- Ah, todo mundo passa por isso, vai.
- Eu não.
- Tá, então como é que você explica esse hematoma?
- Eu vim aqui para perguntar a você.
- Eu já disse o que eu acho.
- A opção que você deu não é possível.
- Tá bom. Então passa essa pomada que tudo vai ficar bem.
- Mas o que é que eu tenho?
- Um hematoma.
- E qual é a origem dele?
- Minha filha, se nem você sabe…
- Essa resposta não é satisfatória.
- Que dia apareceu?
- Ontem.
- E o que você fez na véspera?
- Houve uma comemoração no trabalho.
- Comemoração? Você bebeu?
- Positivo.
- Tá explicado.
- Não entendi.
- Bebeu, cambaleou, bateu, caiu, o que importa?
- Isso não é admissível.
- Tá bom. Agora chega. Você me trouxe um problema, eu te dei a solução.
- Como?
- O roxo. Eu te dei uma pomada. Não posso ajudar em mais nada.
- E eu vou sair sem saber o que fiz para ganhar esse roxo?
- A essa altura, moça, nem eu quero saber.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O mundo gira

Ontem eu trouxe flores. Mas você não recebeu. Preferiu recusar seu destino, o qual reconheço sem abrir os olhos. Sei que não sou um grande homem, mas mereço você. Meus braços me servem apenas para fazer a sua vontade. Seria capaz de construir um outro coração para substituir o seu. Desde que ele fosse a minha casa. Mas você não se interessa por minhas conquistas. Um tiro na testa me traria mais felicidade.

Hoje é você quem traz flores. Enfim.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

18:30 - a redenção

Tanto falei que o Samir me deu a oportunidade de me redimir. Quem perdeu o lançamento do 18:30 na Pop vai ter uma outra chance hoje. E dupla, porque ele acontecerá no lugar do qual gostamos tanto: a Mercearia São Pedro. 

Veja aqui embaixo as informações e não deixe de ir. Lançamento de livro bom na Mercearia é do tipo imperdível.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Especialista

- Faz de novo.
- Por que?
- Não ficou bom.
- Eu não acho.
- Pode confiar. Faz de novo.
- Você tá é com inveja.
- Você é quem sabe.
- Mas eu fiz tudo certo.
- Já falei.
- Tá bom, eu faço de novo.
- Muito bem. Posso levar esse, então?

terça-feira, 12 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Castigo

Não duvide de mim, meu ato foi de amor. O que fiz foi para provar que sou capaz até de te abandonar se isso for te fazer feliz. Rasgo minha pele em troca das suas mãos, mutilo meu corpo pelo seu sexo, enterro-me, se isso te colocar para sempre do meu lado. Sou tua hoje como serei em todas as vidas. Por mais que você não consiga esconder sua repulsa.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jorge do pântano que fica logo ali

E tem mais lançamento, graças. É bom ver amigos movimentando a literatura.
Nesse sábado, é a vez do Marcelo Maluf. Aquele, do labirintos no sótão. Depois de tantas boas entrevistas com escritores, Marcelo vira seu próprio objeto de pesquisa. E que venham muitos.
As informações sobre o lançamento estão logo aí embaixo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pique

A luz bate no meu dedão. Encolho mais as pernas. O joelho encosta na testa e fica molhado. Por que a sombra não se move? Preciso voltar a respirar. Uma voz sobe as escadas. A luz entra completa novamente pela fresta da porta. Acho que, dessa vez, vou ganhar.