terça-feira, 23 de dezembro de 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Como jogar um amor pela janela

Esqueça aquela história de ser cúmplice, seja injusto. Ignore o que ele sente por você e julgue-o como se ele fosse um de seus inimigos, sem defesa. Melhor, acuse-o de ser o responsável pelas suas crises; as atuais e aquelas que te assombram desde sempre. Pise na ignorância do réu acerca dos assuntos em que você é especialista. E, como todo bom drama precisa de um gran finale, depois de humilhá-lo bastante, torne-se indiferente. Você vai ver que não será necessário fazer nem um pepé. Ele vai achar o caminho sozinho.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Meu Antonio

Conheci Antonio. O chapéu enterrado escondia seus pensamentos. Ele me encarava como se enxergasse minhas dúvidas, enquanto eu tentava entender minha própria loucura em seus olhos. Queria ser capaz de decifrar essa esfinge de carne e osso. Mas Antonio é um segredo bem guardado. Toda vez que tentava segui-lo, me perdia; ele nunca andava em linha reta. 

Rugas denunciavam uma idade avançada. Se fosse acreditar em toda a sabedoria que Antonio fingia ter, calcularia que tivesse mais de 100 anos. Mas as verdades de Antonio são tão sinceras que parecem mentiras. O peso de sua alma o transformava num parênteses que eu não conseguia atravessar, apesar de saber que encontraria respostas.

Talvez eu tenha entendido que elas não me pertenciam. Nunca mais fui capaz de procurá-lo. E nunca me livrei de sua imagem. Toda vez que volto a ela, tenho vontade de beijar Antonio. Assim, quem sabe, eu tivesse a certeza de que ele realmente existiu.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vozes de Emily

E nas dores de ontem eu encontro a compensação de tudo o que perdi, do que deveria ter aprendido e do que jamais poderia dominar, apesar da força com que arrasto minha presença pela cidade e da certeza de que jamais tive a sorte de conhecer minhas próprias ações.

Minha loucura não me isenta dos meus erros ou traça uma linha reta em meu destino. Devoro o tempo como se ele me pertencesse e escolho quem deve fazer parte desse mundo. Conviver com os próprios erros é coisa para os tolos. A tradição que me alimenta é a mesma que me sufoca: uma árvore robusta e austera que vive do meu sangue e da minha carne. Marcas não são capazes de traduzir o tamanho do que havia onde elas próprias criaram suas raízes. Da janela de meu corpo, regozijo-me com a pobreza da humanidade e suas esperanças tão frágeis que não sobreviveriam a uma chuva de verão.

Não saberia viver no lugar deles. O meu já é insuportável.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Presa

De onde estou, vejo a sua alma. O contorno do seu medo tem uma densidade que te faz vulnerável, e você nem sabe em que direção me procurar. Eu tenho paciência. Não vou me mexer até você esquecer de mim. Então posso te observar de longe e preparar o bote. Quando você estiver mais relaxado será quando estará mais apetitoso. Não terei nenhuma dificuldade em cravar meus dentes na sua pele, abocanhar seus músculos moles e paralizá-lo de uma vez. Sem resistência. 

Enquanto você explora sua própria natureza, é incapaz de enxergar o perigo que te cerca. É o mal dos arrogantes. Suas aflições duram até a próxima encarada no espelho. Como se o reflexo fosse capaz de mentir sobre suas fraquezas, quando ele é o oposto da sua verdade. Isso, meu querido. Opte pela ignorância. Assim abre o caminho e eu chego mais perto. Mal sabe você que já é meu.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Qualquer coisa

Se você não gosta do que eu digo, não ouça. Depois agüente as conseqüências.

Para poucos

Grito para pular o fascínio que tenho sobre as borboletas. Pode não dizer nada para você. Só quem sofre desse mal sabe do que estou falando.