sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vozes de Emily

E nas dores de ontem eu encontro a compensação de tudo o que perdi, do que deveria ter aprendido e do que jamais poderia dominar, apesar da força com que arrasto minha presença pela cidade e da certeza de que jamais tive a sorte de conhecer minhas próprias ações.

Minha loucura não me isenta dos meus erros ou traça uma linha reta em meu destino. Devoro o tempo como se ele me pertencesse e escolho quem deve fazer parte desse mundo. Conviver com os próprios erros é coisa para os tolos. A tradição que me alimenta é a mesma que me sufoca: uma árvore robusta e austera que vive do meu sangue e da minha carne. Marcas não são capazes de traduzir o tamanho do que havia onde elas próprias criaram suas raízes. Da janela de meu corpo, regozijo-me com a pobreza da humanidade e suas esperanças tão frágeis que não sobreviveriam a uma chuva de verão.

Não saberia viver no lugar deles. O meu já é insuportável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que tom diferente, o seu texto tá indo pra outros caminhos... e eu acho muito bons. O título é muito na mosca, baby!
Bjs.