terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Meu Antonio

Conheci Antonio. O chapéu enterrado escondia seus pensamentos. Ele me encarava como se enxergasse minhas dúvidas, enquanto eu tentava entender minha própria loucura em seus olhos. Queria ser capaz de decifrar essa esfinge de carne e osso. Mas Antonio é um segredo bem guardado. Toda vez que tentava segui-lo, me perdia; ele nunca andava em linha reta. 

Rugas denunciavam uma idade avançada. Se fosse acreditar em toda a sabedoria que Antonio fingia ter, calcularia que tivesse mais de 100 anos. Mas as verdades de Antonio são tão sinceras que parecem mentiras. O peso de sua alma o transformava num parênteses que eu não conseguia atravessar, apesar de saber que encontraria respostas.

Talvez eu tenha entendido que elas não me pertenciam. Nunca mais fui capaz de procurá-lo. E nunca me livrei de sua imagem. Toda vez que volto a ela, tenho vontade de beijar Antonio. Assim, quem sabe, eu tivesse a certeza de que ele realmente existiu.

Nenhum comentário: