- Você vem sempre aqui?
- Ah, vai. Essa cantada, não.
- Na verdade não é uma cantada. Tô fazendo uma pesquisa.
- Pesquisa, é?
- Sim, sobre os frequentadores desse bar.
- Hum. Desculpe. Sabe como é, né?
- Imagino que você esteja acostumada com esse tipo de abordagem.
- Nem tanto. Mas é que é bem batidinha...
- E qual é o tipo de cantada que te atrai?
- As mais inteligentes, ué.
- Alguma que você possa citar?
- Deixa eu ver... Uma vez um cara me disse que era de uma empresa de cosméticos e que estava interessado em me contratar como modelo oficial da marca dele.
- E você?
- Fiquei interessada, né? Daí ele pegou meu telefone e disse que a empresa dele entraria em contato para uma entrevista.
- E a empresa ligou?
- Nada. Ele ligou no dia seguinte, pediu desculpas pela brincadeira, mas disse que foi o jeito de chegar perto de uma mulher linda como eu.
- E vocês saíram depois?
- Sim. Pena que não deu certo.
- O que houve?
- Descobri que ele trabalhava mesmo na empresa de cosméticos. E que a proposta era verdadeira.
- Que bom, então.
- Seria, mas ele disse que me tirou da seleção porque gostou de mim. Não queria misturar as coisas.
- Então você perdeu a oportunidade, mas ganhou um namorado apaixonado.
- E eu lá preciso de um? Namorado apaixonado eu arrumo outro. Um emprego desses, nunca mais! Terminei com ele logo que soube.
- Você não acha que foi um pouco fria?
- Vocês homens são engraçados. Não vê você aí, achando que ia me enganar com essa história de pesquisa?
- Eu?
- Aposto que vai pedir meus contatos no final, né?
- Bem, sim, eu ia, mas...
- Acham que mulher é tudo boba. Que a gente cai em qualquer conversa.
- Não era a minha intenção...
- Que podem usar a gente o quanto querem. Na hora que a gente dá o troco, chamam de fria, de interesseira.
- Você há de convir que soou meio assim.
- Foi? E se eu disser que inventei tudo?
- Não sei. Acho que não acredito.
- Claro. Típico. Agora sou mentirosa, né? Olha, gatinho, vai cantar de galo em outro lugar, tá bom?
- Mas eu não terminei. Seus contatos...
- Procura na lista. Luciano de Albuquerque. Passe bem.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Vazio
Não posso fazer mais do que levá-lo comigo. Mas sua jornada não me comporta. Tenho que abrir mão; é você quem não quer. Só agora entendi que você é mais feliz à distância. O que faço agora com essa ausência? Qualquer coisa para tirar essa dor de dentro de mim. Um resto de você que teima em ficar comigo. Como se já não bastasse você existir sem mim.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Infância
Ainda carregava para todo lado aquela boneca sem braço e com um olho só. As pernas riscadas de rosa contrastavam com o plástico desbotada pelo tempo. Esse que ela não queria deixar para trás.
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