sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Mesa de dados

As peças sacodem na mão. Precisa ganhar. Deixou o tempo passar, contado que a situação se resolveria sozinha. Mas o melhor remédio não foi a cura. Não poderia ser. Quando viu, já tinha casado. Agora a mentira viria a tona. Todas elas. Não sou rico. Era a primeira condição imposta pelo pai de Sonia. Tive que rebolar pra enganar o velho. No sentido literal da palavra. Trabalhei nesses bares, expus meu personagem pra sustentar os desejos da minha pérola. Não fiz por causa do pai, fiz porque ela merece. Pensar que ela me espera no quarto para consumar a nossa felicidade. Virgem. Quase. Posso sentir o cheiro doce que ficavam em meus dedos. Quantas vezes te penetrei com eles, prometendo que seria melhor ainda quando esse dia chegasse. Como fazer você entender que fiquei cego no dia em que te conheci? Te entreguei minha identidade e agora vou ter que jogá-la fora. Fugir e mais uma vez rasgar a maior mentira que a vida me contou. Não posso te fazer feliz, minha pérola. Não posso te dar o que eu não tenho: o corpo de um homem.

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