quinta-feira, 23 de abril de 2009
Quando tudo está bem
Pulou a cerca sem ver onde caía. Não porque fugisse. Ser super-homem tem dessas coisas. Quando sentiu o impacto da grama, lembrou que não era. Viu a perna tomar um rumo inesperado. O barulho foi isolado do resto e amplificado dentro da sua panela de pressão. Putaquiupariu. Quebrou de novo. Poderia tentar voar. Não, seria muito arriscado. Foi puxado por um braço amigo. Não posso pisar. Eu te carrego. Outro super-homem. Não parece uma boa ideia. Logo estava dentro de um carro. Não ouviu mais a música, não viu mais ninguém. Um filme de longos meses foi reprisado na sua cabeça. Mesas de operação, botas, muletas. Já superei isso uma vez. Ambulância, hospital, maca. A segunda parece insuportável. Dia seguinte. Outra cidade. A namorada. Alívio. Talvez agora seja mais fácil.
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