terça-feira, 28 de outubro de 2008
A quem interessar possa
Os anos se vingaram das minhas memórias. As ausências preencheram os cantos da casa e mataram minha infância. O inverno dos meus cinco anos chegou e nunca mais foi embora, fazendo de mim uma criança encolhida que enxergava as sombras nas paredes. Meus dias foram reduzidos a noites cada vez mais escuras. Nenhuma porta me separava do mundo real. Meus traços de menino duraram o tempo que o vento leva para desmanchar um ninho no topo de uma árvore; sumiram desde que foram maculados com a violência de um amor distorcido. Não sei se alguém tem culpa. Nem mesmo aquele de quem eu esperava o beijo de boa noite e que se tornou o dono dos meus pesadelos. Por favor, não chame meu ato de extremo, porque o propósito é desprezar a existência desse monstro, fazer com minhas lembranças o que nunca tive coragem de fazer com ele. A melhor vingança é fazê-lo desaparecer, apagar seu registro com uma bala na minha cabeça. Não lamente a minha morte, porque hoje terei paz. Ontem eu matei meu pai.
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