sábado, 2 de agosto de 2008
O roubo do Munch
Gritei. Mas não ouvi nenhum som. Tentei de novo, dessa vez mais alto. Sem qualquer ruído. Levei as mãos ao pescoço, como se quisesse espremer o grito tal qual o suco de uma fruta. Nada. Meu coração batia ao ritmo das marchas militares e o suor desenhava pelo meu corpo o Rio Amazonas com todos os seus afluentes. Apertei mais, os dedos de uma das mãos já se encontravam. Engasguei, tossi, pensei que ia sufocar, ainda sem efeito. Precisava sair dali. Fiz força para levantar uma das pernas, ajudei com os braços. Quem sabe a outra vai. Outro esforço em vão. Apoiei as mãos nos joelhos para respirar. À minha volta, o céu mudava de cor. Azul claro, amarelo, vermelho, preto. E tudo de novo. Fechei os olhos, preto. Abri, preto. Sem cenário, era tarde demais. Eu já não existia.
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